OS ÚLTIMOS RESISTENTES!
É aqui nas velhas barbearias, que muitas vezes se ouve as últimas novidades da terra, o local ideal onde as cavaqueiras têm outro sabor. É aqui neste ambiente com bancadas em pedra, espelhos emoldurados em madeira gasta pelo tempo, e onde algumas das ferramentas antigas, ainda, estão em plena funcionalidade.
Aqui não se fala da tendência das modas ou sequer do modelo dos cortes, aqui fala-se de bola, do “nosso” Benfica e também do Sporting, e enquanto se corta o cabelo aproveita-se para pôr em dia todas as novidades, desde a política às anedotas e aos mexericos da vila. E à falta de assunto aproveita-se e relança-se os olhos para os lindos calendários, mesmo desactualizados, que emolduram toda a barbearia e que mostram belas mulheres despidas.
Hoje já vai sendo difícil encontrar uma barbearia nos moldes antigos, mas há quem resista ao tempo e mantém a sua clientela habitual, desde os tempos em que o barbeiro começou a sua actividade, onde já existe toda uma cumplicidade com a maioria dos clientes, onde o mesmo já sabe o que o cliente pretende, se o cabelo é rapado ou é à antiga, e que não trocam por nada a perfeição dos serviços oferecidos.
Em Monchique são apenas três que sobrevivem graças aos seus clientes fiéis. A amizade, a camaradagem, a intimidade e, claro, o bom serviço são muito importantes na relação do barbeiro com o cliente, onde se tem a liberdade de contar os problemas e as alegrias, porque acima de tudo, antes de o mesmo ser barbeiro é de certeza, também, um amigo.
É também aqui nas velhas barbearias que se começa a comprovar como o mundo está em mudança, já não há aprendizes, e agora quem quer cortar o cabelo com outra sofisticação tem de procurar as lojas de unissexo, onde o aparecimento das mulheres no desempenho da profissão veio dar um ar de modernidade, que só pode ser o pronuncio que as velhas barbearias têm os dias contados.
Quem está acostumado a fazer a barba e o cabelo em barbearias pode ter de mudar seus hábitos, pois os barbeiros estão em extinção. A profissão de barbeiro está pois em franca decadência, porque antigamente existiam profissionais competentes, e que aprendiam com os velhos mestres de geração em geração, onde ninguém era remunerado, enquanto aprendia a profissão. Hoje as novas gerações perderam todo o interesse na profissão, por esta já não oferecer proventos rápidos.
Com a chegada de novas tecnologias à profissão, começou o princípio do progresso e da modernidade, que vão acabar com o mesmo tipo de cortes e de penteados em que os velhos barbeiros foram os últimos mestres.
Tudo agora vai acabando, até chegar ao dia em que os mesmos só constam nas memórias, como já acontece, neste momento, com os antigos barbeiros, que desempenhavam ainda a actividade de dentistas, ou melhor de “tira-dentes”, porque o nosso tempo presente, também vai passar a ser o tempo, que vem já a seguir, a fazer parte do nosso álbum de recordações do passado.
4 comentários:
incrivel.ainda ontem tinha falado dele,comentando que quando ai chegar queria que o amigo ze me corta-se o cabelo,qual o meu espanto ao abrir o blogge deparo com esta foto.que linda coicidensia.hehe.um abraco da islandia
Alberto João..nas mãos do zé..aí se fosse nas mãos do vitorino
ihihihih
nas maos do vitorino...ui eu nao,vai la vai,hehehe
O José Varela Duarte, mais conhecido por “Zé Barbeiro” depois de resistir tantos e tantos anos a desempenhar a sua nobre profissão de barbeiro, com todo o profissionalismo, onde aprendeu a mesma com o seu antigo patrão o Sr. Leonel Coelho, que também desempenhava as funções de dentista, encerrou de vez as portas. Dizia-se cansado e sem motivação para continuar. Que possa gozar ao menos, descansadamente, a sua reforma junto de quem mais gostar. Ficou a fazer falta aos seus amigos. É mais uma barbearia antiga que desaparece.
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