15/09/07

O ANTIGO COLÉGIO DE SANTA CATARINA!

(clique em cima das fotos para ampliar)

Encontrava-se, neste estado, em 9 de Junho de 2000, quando foram tiradas estas fotos.

Depois de ter sido um símbolo de educação e ensino em Monchique, e em todo o Algarve, onde se praticava o internato, semi-internato, e externato. As melhores famílias do Algarve e também do Baixo Alentejo, mais abastadas, mandavam para aqui as suas filhas, fruto do prestígio que o mesmo conquistara.

Era um orgulho para a nossa Vila de Monchique, em que os momentos da sua rica história passaram por várias vicissitudes, fruto dos tempos de dificuldade em que o nosso País, sempre, foi confrontado. Desconhece-se os termos legais e as datas precisas em que o mesmo foi obtido. Sabe-se apenas que o edifício foi doado em testamento pelo Sr. José Mascarenhas Pacheco, após a sua morte em 4 de Maio de 1926, com o fim declarado de ali ser instalado um colégio para educação de meninas, em regime de internato.

Começou assim a sua história, a qual foi resistindo estoicamente, durante muitos anos, sempre em luta pela promoção cultural e por um ensino de qualidade. A partir de 1954 os seus métodos de ensino, assim como as freiras que nele trabalhavam, foram transferidos para Faro por estarem ligados à diocese, sem que ninguém, determinantemente a isso, se opusesse. Começou assim uma nova fase, só externato, com nova gerência e outros professores, o que motivou o seu lento declínio que resistiu, galhardamente, até 1974.

Com a chegada do período revolucionário foi o culminar da degradação. Resistiu poucos anos, agora como ensino oficial, passando a chamar-se Escola D. Pedro da Silva, em homenagem ao fundador do Convento da Nossa Senhora do Desterro. O mesmo Convento que também está em vias de ruir completamente.

Cada vez mais degradado, impôs-se o abandono daquele espaço, tendo sido transferido para uma escola improvisada no Largo de S. Sebastião, em barracões pré-fabricados, até ser construída a escola secundária EB 2,3, na antiga Quinta das Laranjeiras, em frente aos Bombeiros.

O velho casario a precisar de obras, mas votado ao completo abandono, acabou por ser vendido pela diocese a um particular. Acabou nas mãos duma instituição bancária, que por sua vez o vendeu à Autarquia, assim como o hotel Mons Cicus.

Finalmente, aparecera um tão inesperado salvador: a Autarquia, com outro poder económico. Pensou-se que a intenção era reabilitar o velho edifício, que era um orgulho para todos os Monchiquenses.

Depressa a esperança deu lugar à maior desilusão. Num dia que não interessa recordar, e sem que ninguém o adivinhasse, o mesmo acabou por sucumbir, por ordem de um dos seus ilustres alunos, que tem o poder de decidir.
Ironias do destino!
Que ao menos a sua memória seja para sempre recordada!

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde Caríssimo amigo "sonhador"!
Alegro-me por ter conseguido as fotos do colégio de Sta Catarina, pois ainda ontem estive na tipografia de que lhe falei e não consegui encontrar nada!
De facto é uma pena olhar para o vazio que a autarquia oferece a quem busca o famoso colégio de Santa Catarina...
Ainda há pouco tempo em conversa com uma religiosa que aí deu aulas... (julgo que é a única que ainda vive) ela referia a qualidade e excelência do ensino que aí se ministrava...
No entanto o colégio e a sua demolição outra coisa não são que o retrato fiel da importância que a cultura e a história cada vez mais ganham no nosso meio social.ii isto é, nada!
Alegrei-me quando vi este post pois sei que este blog é muito visitado e esta marca não deixa que morra a recordação daqueles que se podiam orgulhar de ter o melhor colégio do sul do país na sua terra.
Um abraço e até breve

João Amado disse...

Aquilo que aconteceu nas últimas décadas é um crime.Não tem outro nome, outra qualificação. Por acção ou omissão, assistiu-se à destruição do património não apenas físico, mas principalmente do património histórico, cultural e afectivo de Monchique.
Foram gerações sucessivas de Algarvios e Monchiquenses que por ali passaram e, muitos deles, ali iniciaram o percurso que os levaria aos cargos, às funções e às honrarias que hoje lhes pertencem. Principalmente os mais abastados, como disse, mas também outros que, com sacrifício familiar tiveram a oportunidade de frequentar aquele Colégio.
No meu caso pessoal, a minha vida teria certamente outro rumo se, ao invés de ficar em Monchique "entregue" à minha Avó Luz e à minha eterna Professora D. Mercês, os meus pais me tivessem levado consigo para Lisboa quando, no início da década de 60 a única alternativa para uma vida melhor era sair de Monchique (nos anos 60 e agora...). Estou profundamente convencido que, sem Colégio de Santa Catarina e sem D. Mercês, não haveria Liceu Pedro Nunes, Faculdade de Medicina de Coimbra e o que se seguiu. Se o João da Luz não tem deixado de fazer barbas no Porto Fundo para ir cortar cabelos para Lisboa e se a Natalina continuasse a fazer calças ali ao lado da Igreja, na casa da sua tia Hermínia, ou se me tivessem levado a meio do Ensino Primário para um mundo em tudo diferente, em vez de me permitir concluir em Monchique este ciclo (apesar dos meus protestos na altura, e até de algumas birras e pontapés nas canelas da minha prima Maria Teresa sempre que os meus pais voltavam para Lisboa após cada breve e espaçada visita) tudo seria diferente.
Os responsáveis autárquicos devem aos Professores, aos Pais, à Lálá, ao Filipe, ao Emanuel, à Gracinha, à Sónia, a tantos cinquentões e quarentões que se sentaram lado a lado durante anos e que hoje se cruzam já sem se reconhecerem porque a vida os levou para os quatro cantos do mundo, e até a si próprios, um pedido de desculpas por terem destruído parte da sua identidade e da identidade da sua terra.
Governar não é só alcatrão, betão e festarola. Se há tarefa fundamental a cumprir é conseguir preservar a identidade de um Povo e legá-la às gerações vindouras. Uma Terra a quem se destrói o passado, dificilmente encontra o caminho do futuro.

Anónimo disse...

Caro sonhador, sem querer, de forma alguma minimizar a nobreza deste artigo sobre o nosso querido Colégio, senti-me porém na obrigação de fazer apenas uma pequena correção:
o nome do fundador do Convento de Nossa Senhora do Desterro não se chamava Pedro da Silva, mas sim Pêro da Silva (sem ter a certeza se leva acento circunflexo ou não).
O erro é frequente acontecer, o meu caro autor não foi o primeiro nem será certamente o último a cometê-lo, mas realmente a placa que ainda resiste na fahada do Convento confirma a minha afirmação.
Professora Maria

Unknown disse...

É por essas e outras que o Algarve chegou à provincia mais descaracterizada do país.
Ainda vi essa casa perfeitamente recuperável, e não foi assim há tantos anos.
Perda lamentável sem dúvida alguma, tanto mais que este edifício setecentista fora a 1ª casa nobre dos Almeida Coelho, família depois transferida para Portimão onde edificou o Palácio que é agora a câmara municipal...

Cumprimentos,
Miguel Côrte-Real


Veja as fotos que se encontram, em baixo, no final do blogue!

Todas as fotos são referentes ao concelho de Monchique!

as mesmas são propriedade deste blogue e do seu autor

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